segunda-feira, 14 de abril de 2014

O TERNO PRETO. O CHAPÉU PRETO DESABADO: QUE DESCABIDA INVOLUÇÃO ...




Traje Maçônico - Maçonaria, Maçonaria Independente


“... traje maçônico mesmo é o Avental, sem o qual o Obreiro é considerado nu. ...”

   
 A opinião de JOSÉ CASTELLANI sobre o uso do famigerado “traje maçônico” chega a ser hilariante:
                                                                                                                                    
“Ocorre que, no Brasil, com a sua majoritária formação católica, ainda de um passado recente, não se desligou, ainda, do "traje de missa". E as instituições maçônicas, dentro dessa mentalidade, ainda preconizam --- algumas exigem --- até em sessões econômicas, ou administrativas,, o traje formal completo e, ainda por cima, negro, onde branca é só a camisa, transformando certas reuniões em verdadeiras convenções de agentes funerários.”
(“in Consultório Maçônico - vol.  VII  Editora A Trolha – 2000)



Perdoem-me, por favor, aqueles que pensam diferentemente, posto que todos temos o direito de externar as nossas opiniões, pensamentos e conclusões sobre todos os assuntos e, mais ainda, quando se trata de um tema de interesse geral.
 Não é minha pretensão veicular qualquer ofensa a qualquer Ir.’.  ou entidade maçônica, em especial àqueles que trabalharam, com pureza e dedicação,  para a implantação do terno preto e do chapéu disforme. No meu entender, perdoem, em verdadeira involução de costumes, contrárias a modernidade, ao caráter progressista da maçonaria, ao bom gosto, ao esoterismo e à estética.
  O terno negro, inapropriado para o nosso clima tropical, absolutamente fora de moda, somente era usado em fins do século IXX e no começo do século XX, para denotar o luto e a dor. Jamais o foi para demonstrar progresso, alegria e bem estar ...
 A cor negra, na prática inexiste, vez que o negro, por definição da física, é a ausência de cor, o nada, o caos, a treva.  Ao passo que o branco é a composição de todas as cores. É o brilho, a luz, a resplandecência.

                                        Deste modo por quê a cor negra nos usos maçônicos ?
                      
Simbolicamente o negro – MAS NÃO NAS VESTES - é usado nas sessões do grau 3, justamente para demonstrar dor e luto, mas não faz sentido, “data venia”, ligar o traje negro à lenda de Hiram Habi, como querem alguns. Nós que a conhecemos, sabemos que os MM.’. que teriam sido seus contemporâneos lamentariam a sua morte, contudo nada nos diz que se trajariam com vestes negras para o luto. Aliás, em razão da época e do local em que se passaria a estória, o luto e o desgosto não eram demonstrados por trajes negros, mas por rasgamento dos trajes usados no momento da notícia infausta.
Faz pouco tempo, pois aconteceu em 1993 a implantação – pela GLMERJ - do uso obrigatório de um uniforme a pretexto de que não fossem visíveis quaisquer diferenças entre os irmãos – traje passeio completo (terno e gravata pretos, sapatos pretos e camisa branca) - e mais o uso de chapéu preto de aba mole para as sessões do grau de mestre-maçom.
Entretanto, verdade seja dita, não é a cor do traje ou a sua uniformização que faz a igualdade entre os maçons: É O SENTIMENTO SINCERO DE FRATERNIDADE. Ademais, não é o traje um instrumento capaz de proporcionar IGUALDADE, isso foge à lógica e constitui, “rogata venia”, falsa premissa. E, por mais que se não queira, muitos irmãos atribuem a adoção do terno, sapatos, meias e chapéus pretos  como costumes judaicos incompatíveis com as nossas leis. Para que seja comprovada esta afirmação, basta que examinemos as fotos históricas da maçonaria brasileira.
Por sua vez, o balandrau não é um traje tradicional e é tolerado somente em sessões ordinárias. Foi criado durante o primeiro quartel do século passado, pelo Soberano Grão Mestrado do Grande Oriente do Brasil, para que os maçons o usassem nos dias de calor intenso. É como se fosse um guarda pó, de algodão ou seda, fechado até a altura do pescoço e longo em seu comprimento até aos tornozelos.
Pelas fotografias que temos visto, verifica-se que o traje apropriado é o PASSEIO COMPLETO DE CORES SÓBRIAS, inclusive o branco para as sessões ordinárias e o TRAJE RIGOR para as sessões magnas, sendo admitido também o branco rigor.
Além de todos estes argumentos vai aqui mais um: é verdadeiramente desagradável transitar na via pública trajado de terno preto e usando, ainda, a gravata  preta; os transeuntes olham curiosos para quem assim se veste, justamente em razão do desuso. Esse traje de mau gosto – perdoem - fica ainda mais notável quando desloca-se, em uma só direção, um grupo de pessoas,  assim vestidas.
Relativamente ao uso do chapéu de abas moles (desabado como preferem alguns), o retrocedimento histórico e dos costumes é mais notável. Não há lugar na época atual para o uso de um chapéu disforme, feio, inadequado para o traje de passeio completo em uso na atualidade. O seu modelo remonta à idade média, já que os chapéus, há mais de 500 anos são de modelos bonitos, de feltro, lã, ou de pelos de lebre, rígidos, bem confeccionados e elegantes, pelo que não há lugar para um retrocesso ou à volta de um passado remoto, mesmo porque apesar da minha longa vida maçônica, notei que somente de 1993 em diante é que os Veneráveis Mestres foram obrigados ao terno e ao chapéu negros.
Ademais, o chapéu desabado, torna a aparência de quem o usa verdadeiramente ridícula: trajado de passeio completo, de feitio moderno, tendo como cobertura um chapéu de modelo vetusto em absoluto desuso há muitos séculos, é incabível. 
E finalmente, em desprezo a esta absurda exigência, a esmagadora maioria dos maçons – Mesmo reunidos em loja – e todos já vimos, felizmente não usam sequer chapéu, quanto mais um, cujo modelo não é apropriado à nossa época.  Raríssimas vezes presenciei um ou outro irmão usando chapéu durante as sessões maçônicas, exceção feita a alguns Veneráveis Mestres. Porém, assisti várias vezes, em trabalhos, das Altas administrações das nossas Potências normalmente paramentadas, mas  sem chapéus, inclusive os Soberanos ou  Sereníssimos Grãos Mestres.
               Pelo que se vê, a norma criada em 1993, o foi para não ser totalmente cumprida, evidentemente por incômoda e inadequada ao nosso tempo.
Diante da clareza meridiana destes argumentos e fatos inegáveis, sugiro e peço respeitosamente a revisão dessas normas de conduta sobre o uso obrigatório do terno negro e do chapéu, propondo a criação de uma comissão revisora de costumes, para reexaminar este novo costume. ///
***
 

0 comentários:

Postar um comentário

Share

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More