“...
traje maçônico mesmo é o Avental, sem o qual o Obreiro é considerado nu. ...”
A opinião de JOSÉ CASTELLANI sobre o uso do
famigerado “traje maçônico” chega a ser hilariante:
(“in Consultório Maçônico - vol. VII Editora A Trolha – 2000)
Perdoem-me,
por favor, aqueles que pensam diferentemente, posto que todos temos o direito
de externar as nossas opiniões, pensamentos e conclusões sobre todos os
assuntos e, mais ainda, quando se trata de um tema de interesse geral.
Não é minha pretensão veicular qualquer ofensa
a qualquer Ir.’. ou entidade maçônica,
em especial àqueles que trabalharam, com pureza e dedicação, para a implantação do terno preto e do chapéu
disforme. No meu entender, perdoem, em verdadeira involução de costumes,
contrárias a modernidade, ao caráter progressista da maçonaria, ao bom gosto,
ao esoterismo e à estética.
O terno negro, inapropriado para o nosso clima tropical,
absolutamente fora de moda, somente
era usado em fins do século IXX e no começo do século XX, para denotar o luto e
a dor. Jamais o foi para demonstrar progresso, alegria e bem estar ...
A cor negra, na prática inexiste, vez que o
negro, por definição da física, é a ausência de cor, o nada, o caos, a
treva. Ao passo que o branco é a
composição de todas as cores. É o brilho, a luz, a resplandecência.
Deste
modo por quê a cor negra nos usos maçônicos ?
Simbolicamente
o negro – MAS NÃO NAS VESTES - é
usado nas sessões do grau 3, justamente para demonstrar dor e luto, mas não faz
sentido, “data venia”, ligar o traje negro à lenda de Hiram
Habi, como querem alguns. Nós que a conhecemos, sabemos que os MM.’.
que teriam sido seus contemporâneos lamentariam a sua morte, contudo nada nos
diz que se trajariam com vestes negras para o luto. Aliás, em razão da época e
do local em que se passaria a
estória, o luto e o desgosto não eram demonstrados por trajes negros, mas por
rasgamento dos trajes usados no momento da notícia infausta.
Faz pouco
tempo, pois aconteceu em 1993 a implantação – pela GLMERJ - do uso obrigatório
de um uniforme a pretexto de
que não fossem visíveis quaisquer diferenças entre os irmãos – traje passeio
completo (terno e gravata pretos,
sapatos pretos e camisa branca) - e mais o uso de chapéu preto de aba mole para as sessões do grau de
mestre-maçom.
Entretanto,
verdade seja dita, não é a cor do traje ou a sua uniformização que faz a
igualdade entre os maçons: É O
SENTIMENTO SINCERO DE FRATERNIDADE.
Ademais, não é o traje um instrumento capaz de proporcionar IGUALDADE, isso foge à lógica e
constitui, “rogata venia”, falsa premissa. E, por mais que se não queira,
muitos irmãos atribuem a adoção do terno, sapatos, meias e chapéus pretos como costumes judaicos incompatíveis com as
nossas leis. Para que seja comprovada esta afirmação, basta que examinemos as
fotos históricas da maçonaria brasileira.
Por sua
vez, o balandrau não é um traje
tradicional e é tolerado somente em sessões ordinárias. Foi criado durante o
primeiro quartel do século passado, pelo Soberano Grão Mestrado do Grande
Oriente do Brasil, para que os maçons o usassem nos dias de calor intenso. É
como se fosse um guarda pó, de algodão ou seda, fechado até a altura do pescoço
e longo em seu comprimento até aos tornozelos.
Pelas
fotografias que temos visto, verifica-se que o traje apropriado é o PASSEIO
COMPLETO DE CORES SÓBRIAS, inclusive o branco para as sessões ordinárias e o
TRAJE RIGOR para as sessões magnas, sendo admitido também o branco rigor.
Além de
todos estes argumentos vai aqui mais um: é verdadeiramente desagradável transitar
na via pública trajado de terno preto e usando, ainda, a gravata preta; os transeuntes olham curiosos para
quem assim se veste, justamente em razão do desuso. Esse traje de mau gosto –
perdoem - fica ainda mais notável quando desloca-se, em uma só direção, um
grupo de pessoas, assim vestidas.
Relativamente
ao uso do chapéu de abas moles
(desabado como preferem alguns), o retrocedimento histórico e dos costumes é
mais notável. Não há lugar na época atual para o uso de um chapéu disforme,
feio, inadequado para o traje de passeio completo em uso na atualidade. O seu
modelo remonta à idade média, já que os chapéus, há mais de 500 anos são de
modelos bonitos, de feltro, lã, ou de pelos de lebre, rígidos, bem
confeccionados e elegantes, pelo que não há lugar para um retrocesso ou à volta
de um passado remoto, mesmo porque apesar da minha longa vida maçônica, notei
que somente de 1993 em diante é que os Veneráveis Mestres foram obrigados ao
terno e ao chapéu negros.
Ademais, o chapéu desabado, torna a aparência de quem o usa
verdadeiramente ridícula: trajado de passeio completo, de feitio moderno, tendo
como cobertura um chapéu de modelo vetusto em absoluto desuso há muitos
séculos, é incabível.
E
finalmente, em desprezo a esta absurda exigência, a esmagadora maioria dos
maçons – Mesmo reunidos em loja – e
todos já vimos, felizmente não usam sequer
chapéu, quanto mais um, cujo modelo não é apropriado à nossa época. Raríssimas vezes presenciei um ou outro irmão
usando chapéu durante as sessões maçônicas, exceção feita a alguns Veneráveis
Mestres. Porém, assisti várias vezes, em trabalhos, das Altas administrações das nossas Potências normalmente paramentadas, mas sem chapéus, inclusive os Soberanos ou Sereníssimos Grãos Mestres.
Pelo que se vê, a norma criada em 1993, o foi para não ser
totalmente cumprida, evidentemente por incômoda e inadequada ao nosso tempo.
Diante
da clareza meridiana destes argumentos e fatos inegáveis, sugiro e peço
respeitosamente a revisão dessas normas de conduta sobre o uso obrigatório do
terno negro e do chapéu, propondo a criação de uma comissão revisora de
costumes, para reexaminar este novo costume. ///
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